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Auditores-Fiscais do Trabalho da Bahia resgatam 163 chineses em condições análogas às de escravo em obras da BYD

 

 

Uma força-tarefa liderada por auditores-fiscais do trabalho da Bahia identificou 163 trabalhadores chineses em condições análogas às de escravo nas obras da fábrica da montadora de automóveis BYD, em Camaçari (BA). Os trabalhadores estavam contratados pela construtora terceirizada Jinjiang Construction Brazil, responsável pela construção da unidade. Ambas as empresas foram notificadas pelas autoridades.

De acordo com a auditora-fiscal do trabalho Liane Durão, coordenadora da operação, os trabalhadores enfrentavam jornadas excessivas e condições de moradia degradantes. Um dos operários relatou ter perdido movimentos após um acidente de trabalho, agravado pela exaustão. Ele trabalhava sob o sol por até 10 horas diárias, durante 25 dias consecutivos, sem folgas, e dormia mal devido à precariedade do alojamento oferecido.

Violações trabalhistas graves

A fiscalização constatou que os contratos dos trabalhadores previam jornadas de até 10 horas por dia, seis dias por semana, com possibilidade de extensão. Isso resultava em uma carga horária semanal entre 60 e 70 horas, muito acima do limite de 44 horas estabelecido pela legislação brasileira.

Após a fiscalização, a BYD Auto do Brasil emitiu nota afirmando que “não tolera desrespeito à lei brasileira e à dignidade humana”. A empresa anunciou o rompimento do contrato com a Jinjiang Construction Brazil e garantiu que os direitos dos trabalhadores seriam respeitados. Os 163 operários resgatados foram transferidos para hotéis na região, enquanto a empresa reforçou seu compromisso de revisar as condições de trabalho e moradia de todas as construtoras terceirizadas contratadas para a obra.

Operação motivada por denúncias

A força-tarefa iniciou as investigações após reportagens da Agência Pública denunciarem situações de trabalho degradante e agressões no canteiro de obras. Os auditores fiscais entrevistaram os trabalhadores com auxílio de intérpretes e analisaram contratos e documentos que confirmaram as práticas ilegais.

O papel da fiscalização

O Sinait DS/Ba destaca a atuação essencial dos auditores fiscais do trabalho na proteção dos direitos dos trabalhadores e no combate às práticas que violam a dignidade humana. A entidade reafirma seu compromisso em acompanhar o caso e garantir que os trabalhadores resgatados recebam o devido apoio e que os responsáveis sejam devidamente punidos.